Aiatolá Ali Khamenei (ao centro) participa de funeral de Qassem Soleimani em Teerã — Foto: Site oficial de Ali Khamenei/Reuters
Ali Khamenei lidera
multidão em homenagem a general iraniano em Teerã, no Irã
Qassem Soleimani foi morto em um ataque americano em Bagdá, no Iraque. Ele será enterrado na terça-feira.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chegou a chorar
durante uma homenagem ao general iraniano Qassem Soleimani, morto em um ataque
americano no Iraque, no funeral que reúne milhares de pessoas,
em Teerã, nesta segunda-feira (6/01/20).
Carregando cartazes
com o retrato de Soleimani, a multidão se reuniu nos arredores da Universidade
da capital iraniana, onde Khamenei fez orações pelo general que comandava a
Força Quds, uma unidade de elite da Guarda Revolucionária Iraniana com atuação
no exterior.
Os caixões de
Soleimani e do líder miliciano iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis, que foi morto
no mesmo ataque em Bagdá, foram transportados pelos populares.
A mobilização
popular lembra as massas que se reuniram em 1989 para o funeral do fundador da
República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, segundo Reuters.
Em Teerã, multidão acompanha funeral de general
iraniano e pede vingança
'Dias
mais escuros'
Zeinab Soleimani, filha do general iraniano Qassem
Soleimani, fala durante funeral do seu pai na Universidade de Teerã, capital do
Irã, nesta segunda-feira (6) — Foto: Escritório de Ali Khamenei/ AFP
A filha do general, Zeinab Soleimani,
declarou que o "plano maligno” do presidente americano,
Donald Trump, de causar separação entre o Iraque e o Irã, falhou.
"Trump,
seu jogador compulsivo, seu plano maligno de causar separação entre o Iraque e
o Irã com seu erro estratégico de assassinar Qasem Soleimani e Abu Mahdi
Al-Muhandis [líder da milícia iraquiana] falhou e só causou unidade histórica
entre as duas nações e provocou seu ódio eterno pelos Estados Unidos ",
disse Zeinab Soleimani.
Ela afirmou ainda
que a morte de seu pai trará dias mais escuros para Estados Unidos e Israel.
“Hei, louco do Trump, você é o símbolo da estupidez e um
brinquedo nas mãos dos sionistas internacionais”, afirmou.
Líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, chora
durante cerimônia em homenagem ao general Qassem Soleimani em Teerã, no Irã,
nesta segunda-feira (6) — Foto: Iran Press / AFP
Armas nucleares
O presidente dos
Estado Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda que o Irã nunca terá uma arma
nuclear. Pouco mais tarde, o secretário-geral da Otan, Jens
Stoltenberg, afirmou que o país "nunca deve obter
uma arma nuclear" e deve se abster de mais violência.
Homenagens
Multidão acompanha funeral de general Qassem Soleimani
em Teerã, no Irã, nesta segunda-feira (6) — Foto: Site oficial da Khamenei /
Reuters
As homenagens ao general começaram no
sábado (4) ainda no Iraque. Depois de sair de Bagdá, o corpo passou pelas
cidades de Karbala e Najaf, consideradas sagradas pelos muçulmanos xiitas.
No domingo (5), o corpo seguiu para o
Irã e milhares de pessoas participaram do funeral, que
começou na cidade de Ahvaz, no sudoeste do Irã. De lá, o corpo de Suleimani
seguiu para Mashhad, no nordeste do país. Na terça (7), o cortejo chegará a
Kerman, cidade natal do general, onde será realizado o sepultamento.
Ataque e a escalada da tensão
Cartaz com a foto do líder espiritual do Irã, aiatolá
Ali Khamenei, concedendo a maior honra militar do país ao general Qasem
Soleimani, morto em ataque americano, é visto durante funeral em Teerã, nesta
segunda-feira (6) — Foto: Atta Kenare / AFP
O general Qasem Soleimani e sua
comitiva foram alvos de um ataque com drones perto do aeroporto de Bagdá, no
Iraque, na quinta-feira (2).
Soleimani, de 62 anos, comandava a Força Quds, uma unidade de elite da Guarda
Revolucionária Iraniana com atuação no exterior e era
considerado o segundo homem mais poderoso do Irã, abaixo apenas do líder supremo,
o aiatolá Ali Khamenei.
Os Estados Unidos, que classificam Quds
como uma força terrorista, acusaram Soleimani de estar "ativamente
desenvolvendo planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no
Iraque e em toda a região".
Soleimani era apontado como o cérebro
por trás da estratégia militar e geopolítica do país.
O Irã prometeu se vingar da morte de Souleimani
e, em resposta, Trump disse que atacará 52 alvos iranianos caso os
norte-americanos sejam alvo de alguma ação iraniana.
Neste
domingo (5), o chefe do Exército iraniano, Abdolrahim Musavi, disse que os EUA
não teriam "coragem" para o "conflito". Já o ex-ministro da
Defesa iraniano e atualmente conselheiro militar do país, Hossein Dehghan,
afirmou à CNN que "a resposta [ao ataque que matou Soleimani] será com
certeza militar e contra alvos militares".
O Irã anunciou que seu trabalho de
enriquecimento de urânio não respeitará mais o acordo nuclear de
2015, que limitava o nível de enriquecimento a 3,6%, e que sua produção não
terá mais restrições.
No fim da noite de sábado, no horário
local, foguetes atingiram a Zona
Verde, área de Bagdá onde ficam embaixada dos EUA e outras representações
diplomáticas, e uma base que abriga militares norte-americanos
em Balad, a 80 km da capital iraquiana. Ninguém ficou ferido e não se sabe a
autoria dos ataques.
Líderes mundiais têm pedido para que
Irã e EUA evitem a escalada de violência. Neste domingo, o Papa Francisco pediu
"diálogo e comedimento" em meio às tensões no Oriente Médio.
Comentários
Postar um comentário