ISRAEL DIZ QUE MATOU AO MENOS 10 COMANDANTES DO HEZBOLLAH, INCLUINDO CHEFE DE ALTO ESCALÃO, EM BOMARDEIO A BEIRUTE; VÍDEO
Israel diz que matou ao menos 10 comandantes do Hezbollah, incluindo chefe de alto escalão, em bombardeio em Beirute; vídeo
Ibrahim Aqil fazia parte do principal órgão militar da organização libanesa e também era procurado pelos EUA; Ministério da Saúde libanês diz que 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas
Por O Globo e agências internacionais — Beirute
20/09/2024 10h15 Atualizado há um dia
O Exército de Israel realizou nesta sexta-feira um "ataque direcionado" em Beirute, a capital do Líbano, dizendo que matou ao menos dez integrantes graduados do grupo xiita libanês Hezbollah, incluindo Ibrahim Aqil, um alto comandante buscado pelos EUA por seu papel em ataques que deixaram centenas de mortos nos anos de 1980. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, o bombardeio deixou 14 mortos e ao menos 66 feridos, incluindo crianças. O ataque aéreo, lançado enquanto integrantes da organização estavam reunidos para um encontro do “conselho de guerra”, ocorreu no mesmo dia em que o Hezbollah lançou cerca de 200 foguetes contra o norte de Israel após ter mais de 100 alvos seus atingidos no sul do Líbano na véspera pelo Exército israelense.
O ataque a Beirute, o terceiro de Israel a atingir a capital libanesa desde outubro do ano passado, representou uma grande escalada na esteira de explosões sem precedentes de pagers e walkie-talkies do Hezbollah, que deixaram 37 mortos e mais de 3 mil feridos e foram atribuídas ao serviço de Inteligência de Israel, o Mossad. Após as ações, o líder do movimento libanês, Hassan Nasrallah, e a Guarda Revolucionária do Irã, país que é aliado do grupo libanês, prometeram na quinta-feira retaliar às detonações dos aparelhos eletrônicos, elevando temores de ampliação do conflito. Nesta sexta-feira, após o bombardeio em Beirute, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, afirmou que Israel não busca uma escalada.
— Não estamos buscando uma escalada ampla na região. Operamos de acordo com os objetivos definidos [da guerra] e continuaremos a fazê-lo — declarou Hagari em coletiva de imprensa.
O bombardeio desta sexta-feira destruiu ao menos dois prédios no centro de al-Dahiyeh, uma área densamente povoada de Beirute que é considerada reduto do Hezbollah, de acordo com testemunhas e a agência de defesa civil do Líbano. Segundo Hagari, Aqil, que era chefe das operações militares do Hezbollah e o comandante interino da Força Radwan, liderava um plano para invadir e ocupar a Galileia, no norte de Israel, e foi atingido em um esconderijo subterrâneo enquanto se reunia "com importantes comandantes" da unidade de elite do grupo xiita. Uma fonte de segurança libanesa disse à rede catari Al-Jazeera que havia mais de 20 pessoas na reunião, que ocorreu em uma sala a dois níveis abaixo do solo. Alguns deles ficaram feridos e foram levados a hospitais após serem retirados dos escombros.
Hagari alegou que o grupo tinha a intenção de “matar e assassinar inocentes”, comparando os planos do Hezbollah aos ataques sem precedentes do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro, quando mais de 1,2 mil pessoas morreram e mais de 250 foram sequestradas. Mais tarde, o Hezbollah confirmou que Aqil, "um de seus grandes líderes", foi morto por Israel. Segundo o jornal israelense Haaretz, Aqil foi ferido nas explosões de pagers e teria recebido alta do hospital horas antes do bombardeio israelense que o matou.
— Eles eram os comandantes que conceberam e lideraram o plano do Hezbollah para lançar um ataque em território israelense no norte, que chamaram de ‘plano para conquistar a Galileia’ — disse Hagari. — Assim como os pegamos, pegaremos qualquer um que ameace a segurança dos cidadãos de Israel. O Exército de Israel continuará a agir para minar o Hezbollah.
O assassinato de Aqil é o mais recente golpe contra o Hezbollah, que começou a disparar foguetes e drones contra Israel em 8 de outubro em solidariedade ao Hamas na Faixa de Gaza, também apoiado pelo Irã. Nos mais de 11 meses de hostilidades, centenas foram mortos nos ataques em território libanês e dezenas em solo israelense, enquanto um total de 150 mil civis de ambos os lados da fronteira entre os dois países foram deslocados.
Ataque com F-35
Relatos da mídia libanesa afirmam que um F-35 israelense realizou o ataque com dois mísseis. Imagens transmitidas pela televisão libanesa mostraram feridos sendo resgatados dos escombros de um prédio desabado, além de ambulâncias seguindo para o local atingido. A ofensiva ocorreu durante o horário de pico, enquanto civis saíam do trabalho e estudantes voltavam para casa, segundo a Associated Press. Moradores descreveram uma cena caótica enquanto ambulâncias corriam pelas ruas.
Após uma reunião com o chefe do Estado-Maior, Herzl Halevi, e outros oficiais das Forças Armadas, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que as operações militares continuarão "até que os moradores do norte de Israel possam voltar com segurança para suas casas", reiterando o objetivo anunciado na segunda-feira pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Aqil sucedeu a Fuad Shukr, morto em julho por um ataque israelense na capital libanesa, no comando das forças militares do Hezbollah — em janeiro, o vice-líder do grupo terrorista Hamas, Saleh al-Arouri, também foi morto em Beirute. Aqil também era procurado pelos Estados Unidos por seu envolvimento no atentado de 1983 à Embaixada dos EUA em Beirute, que matou 63 pessoas, e pela explosão contra o quartel dos fuzileiros navais americanos na capital libanesa, que matou 241 militares. Ele também era apontado como responsável pelo sequestro de reféns americanos e alemães no Líbano durante a década de 1980.
No entanto, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que os EUA não tiveram envolvimento no ataque desta sexta:
— Deixaremos que as Forças Armadas de Israel falem sobre suas operações. Não estou ciente de qualquer notificação prévia sobre esses ataques. Continuamos a conversar diariamente com nossos colegas israelenses sobre o que está acontecendo em Gaza e, certamente, sobre o aumento das tensões [entre Israel e Líbano]. Nossos esforços intensivos de diplomacia continuam. Acreditamos que uma solução diplomática é o melhor caminho a seguir — acrescentou.
Ataque de Israel a reduto do Hezbollah deixa vítimas em Beirute
Falando sobre a escalada de tensão na região, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou "trabalhar" para o retorno dos deslocados de ambos os lados da fronteira devido aos confrontos.
— O secretário de Estado, o secretário de Defesa, todas as nossas equipes estão trabalhando, juntamente com a comunidade de inteligência, para que isso aconteça — acrescentou o mandatário.
Por sua vez, a Embaixada do Irã no Líbano condenou a "loucura e arrogância israelense que excedeu todos os limites ao mirar áreas residenciais nos subúrbios ao sul de Beirute" em postagem na rede social X.
A ONU também se declarou "muito preocupada" com a situação no Líbano.
— Pedimos a todas as partes a desescalada imediata. Todos devem mostrar moderação máxima — disse à imprensa Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral António Guterres.
Do lado de Israel
Em meio aos ataques de foguetes do Hezbollah contra o norte de Israel, sirenes e sinais de alerta soaram em cidades e vilarejos ao longo das Colinas de Golã e da Galileia. Não há relatos de feridos. Moradores de comunidades na Galileia foram advertidos a se manterem perto de abrigos antibomba. O Hezbollah afirmou que os foguetes disparados contra Israel nesta sexta foram em retaliação aos ataques israelenses da véspera contra vilarejos e casas no sul do Líbano, indicando que a ação não estava relacionada às explosões de pagers e walkie-talkies.
Na quinta, o Estado judeu atacou 100 bases de lançamento de foguete, atingindo mil lançadores “prontos para ser usados no futuro imediato para fazer disparos contra o território israelense”. O Exército de Israel também afirmou ter destruído um depósito de armas da organização, além de prédios ligados à estrutura do grupo.
Nesta sexta-feira, o Hezbollah afirmou ter lançado drones explosivos contra uma base militar israelense e em posições de artilharia. O Exército israelense, por sua vez, disse que bombeiros combatiam incêndios causados pelos drones.
(Com AFP e New York Times)
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/09/20/israel-ataca-reduto-do-hezbollah-em-beirute-diz-oficial-libanes.ghtml
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